Olhava para o tempo, ah tempo bom!
Meu cavalo de talo ou de folha de bananeira nunca me deixava, tinha
clina, olhos grandes e orelhas ariscas, rabo comprido, costas larga e cela
feita do imaginário. As pernas do dono davam vida à sua estrutura numas
cambitas cheias de perebas.
Do mesmo modo que corria nas ruas de Arari na marcha ou a galope, meu
cavalo imortal esperava o seu dono, enquanto era amarrado nas estacas da minha
imaginação.
Mas não era só eu, os meninos de Arari, do meu tempo pueril, quase todos
eram engenhosos dos seus próprios brinquedos.
Tenho a impressão que o lúdico na infância nos dá projeções...
Quando eu estava a cavalo, que recebia a ordem de comprar cola ou outro
material que meu pai usava na sapataria, não importava a distância, ‘um pé lá e
outro cá’, comanda o feitor da Franca.
E olha que nesse tempo tinha que ter muita habilidade para sobrepor as
poças de lama.
É assim, por meio das letras, parcas por sinal, salvo engano, mas tão
engenhosas quantos os caminhos que percorri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário